O Governo do Estado do Paraná desempenhou um papel crucial no sucesso do Connect Week 2024, ao apoiar uma das maiores e mais importantes iniciativas de inovação do país. Através de secretarias governamentais e universidades estaduais, o governo promoveu ativamente o desenvolvimento da inovação no Estado, contribuindo significativamente para o êxito do evento.
(Aldo Nelson Bona – Foto: Divulgação)
Em uma entrevista exclusiva ao blog do Connect Week, o Secretário da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado do Paraná, Aldo Nelson Bona, discutiu a importância da semana de inovação e destacou o trabalho da SETI em prol do avanço tecnológico no estado. Leia a entrevista completa a seguir:
Como a SETI analisa o impacto do apoio ao Connect Week na promoção da ciência, tecnologia e inovação no Paraná?
O Connect Week consegue envolver instituições diversas e multidisciplinares que produzem ciência, tecnologia e inovação. A estratégia de promover eventos simultâneos com uma grande variedade de temas atrai participantes de diferentes setores e interesses. Neste evento a Seti teve a oportunidade de apresentar para a sociedade paranaense as pesquisas realizadas pelas universidades estaduais e os principais programas e projetos em execução atualmente. Essa troca de experiências resultou em parcerias para Pesquisa e Desenvolvimento, com repercussão até mesmo em outros estados, que irão fomentar a inovação no Paraná.
Esse espaço para diálogo e troca de ideias fortalece o Paraná como um ambiente favorável em torno da inovação transformando-o em motor do desenvolvimento ancorado no processo de produção de conhecimento.
Foram dias intensos com atividades que estimularam a cultura do empreendedorismo inovador. No Connect Week diversos ecossistemas de inovação do estado, que pulsam no interior e na capital, se encontraram e cooperaram possibilitando a troca de expertises, ou ainda contato com novos casos de sucesso na área de P&D, crescendo ainda mais.
Ainda no Connect Week o governador Carlos Massa Ratinho Junior anunciou diversas ações, como a liberação de recursos e novo credenciamento para o Sistema Estadual de Ambientes Promotores de Inovação. É a ciência e tecnologia impulsionando o desenvolvimento do nosso Estado.
Quais resultados concretos e transformações vocês esperam alcançar a curto e longo prazo para a comunidade de inovação e startups em Curitiba e no Paraná, especialmente em termos de aceleração da transformação digital e inovação nas empresas paranaenses?
Em 2023, o Paraná lançou um edital para o credenciamento de ambientes promotores de inovação com o objetivo de ampliar o número de ambientes cadastrados em todas as regiões do estado. A partir desse credenciamento, vamos expandir o movimento de consolidação de iniciativas que almejam a geração de novos negócios e, na medida das possibilidades, promover o incentivo e a indução pelo fomento.
Estamos empenhados em concretizar parcerias na área de pesquisa e desenvolvimento. Acreditamos que a partir desse trabalho conjunto, é possível construir soluções tecnológicas para demandas que contribuem com o desenvolvimento do Estado e assim consolidar o Paraná como um polo tecnológico que seja referência nacional.
Ao fortalecer a cultura da inovação e apoiar o empreendedorismo, temos a possibilidade de aumentar o número de empresas, especialmente com alto valor agregado tais como empresas unicórnios, startups com preço de mercado de mais de 1 bilhão de dólares.
Quais setores vocês consideram mais beneficiados por essas iniciativas?
O setor de tecnologia é um dos mais impactados pelas iniciativas desenvolvidas no Estado e pela realização de eventos como o Connect Week. Entendemos que a tecnologia é uma área central que converge com diferentes temas. Podemos aplicar soluções tecnológicas em inúmeras áreas estratégicas para o estado, como é o caso da agricultura, saúde e educação e assim impactar positivamente a sociedade.
Transformar o resultado de uma pesquisa em um produto ou serviço útil à sociedade é outro tema beneficiado pela participação da Seti no evento. Pois, a rede de contatos e exposição das pesquisas realizadas pelas universidades públicas estaduais, aumenta as chances de instigar investidores a transformar propriedade intelectual em produtos e serviços para o mercado.
A área de pesquisa e desenvolvimento também tem ganhado destaque. Para criar algo novo e buscar o aperfeiçoamento é fundamental estar atento às novas tendências que surgem, por isso é uma área fortemente beneficiada pelas iniciativas que estamos desenvolvendo.
Quais são as principais iniciativas da SETI em curso atualmente para fomentar a inovação no Paraná? Como essas iniciativas estão impactando positivamente o ecossistema de startups e empresas de tecnologia no estado?
Uma grande iniciativa foi um conjunto de legislações que favorece os ambientes promotores de inovação tornando-os mais dinâmicos no Paraná, que chamamos de Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação.
As normativas que compõem o marco legal são resultado de um processo de diálogo com diferentes setores da sociedade, tendo como ponto de partida a Lei nº 20.541/2021, também chamada de Lei Estadual de Inovação do Paraná. Outras legislações, como a Lei nº 20.537/2021 e a Lei nº 20.933/2021, denominadas Lei das Fundações de Apoio e Lei Geral das Universidades (LGU), respectivamente, contribuem para reduzir limitações burocráticas nos ecossistemas de inovação.
A partir dessa articulação, surgiram novas possibilidades no que diz respeito a inovação nas instituições. Os núcleos e agências de inovação das universidades estaduais têm como objetivo criar e gerenciar a política de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica, bem como a viabilização de estratégias e ações relacionadas à propriedade intelectual.
Um exemplo de resultado concreto por conta dessas ações é a viabilidade de criação de empresas dentro das universidades, as spin-offs. O Paraná tem 19 spin-offs criadas por professores nas universidades estaduais que desenvolvem soluções em áreas como agricultura e inteligência artificial.
Para colocar as universidades a serviço da sociedade, criamos o programa Ageuni, para o qual lançamos em 2023 o primeiro edital de fomento invertido. Nesse programa a sociedade apresenta as suas demandas para que as universidades apresentem soluções. O objetivo é incentivar o desenvolvimento socioeconômico do Paraná.
Vinculado à Ageuni, está o Prime que consiste em um programa que auxilia os pesquisadores a transformarem suas pesquisas em produtos. É uma maneira de fortalecer a relação entre as universidades e o setor produtivo.
Podemos citar várias outras iniciativas, como as que se destinam ao fomento dos ambientes promotores de inovação, à formação de gestores para esses ambientes, a formação e retenção de talentos em TICs.
Como a SETI está trabalhando para garantir a inclusão digital e a democratização do acesso à tecnologia no Paraná? Quais programas específicos estão sendo implementados e quais resultados já foram alcançados?
Estamos trabalhando na expansão da Rede Paranaense de Pesquisa e Educação com a criação de infraestrutura para o compartilhamento de computadores de alta performance (HPC). A proposta é interligar 56 municípios paranaenses para fornecer internet de alta velocidade e garantir a inclusão digital em todo o Estado.
Outra iniciativa que apoiamos é o Manna, um ecossistema de ensino, pesquisa, extensão e inovação em Tecnologias Exponenciais, desenvolvido na Universidade Estadual de Maringá. Além de realizar pesquisa científica nas áreas de microeletrônica e computação, o projeto estimula o surgimento de uma nova geração de profissionais da área.
Estamos apoiando o programa Talento Tech-PR em pareceria com as secretarias de Estado do Planejamento; da Inovação, Modernização e Transformação Digital; e da Educação. A ideia é qualificar 3 mil alunos oferecendo cursos gratuitos e bolsas remuneradas em Tecnologia da Informação e Comunicação. Os estudantes selecionados são dos 50 municípios com menor Índice Ipardes de Desempenho Municipal (IPDM). O objetivo é que os futuros profissionais continuem atuando em suas cidades após a conclusão do projeto, e assim, contribuindo para o desenvolvimento econômico e a geração de valor na estrutura produtiva local.
Quais são as parcerias estratégicas da SETI com outras entidades e instituições, tanto nacionais quanto internacionais, para promover a ciência, tecnologia e inovação no Paraná?
É por meio das universidades que desenvolvemos diversos projetos em todas as áreas do conhecimento. Também é por meio delas que firmamos termos de cooperação internacional de transferência de tecnologia para impulsionar o desenvolvimento de soluções tecnológicas.
Além das universidades, há outras organizações com o compromisso de promover a inovação no Paraná. A Fundação Araucária é uma fundação de amparo à pesquisa que busca o desenvolvimento social, econômico e ambiental do Estado do Paraná, por meio de investimentos em ciência, tecnologia e inovação.
O Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) é uma empresa pública do Governo do Estado que atua principalmente na produção de insumos para a área da saúde e em soluções tecnológicas.
Como a SETI enxerga o papel das tecnologias emergentes, como inteligência artificial e internet das coisas, no desenvolvimento econômico e social do Paraná? Quais projetos estão sendo desenvolvidos nessa área?
Entendemos que as mudanças tecnológicas são rápidas e é fundamental acompanhar essa evolução. As tecnologias emergentes possibilitam o desenvolvimento de diversos estudos. Uma das iniciativas na área que apoiamos é o Hub de Inteligência Artificial criado em Londrina que tem como objetivo promover a adoção de tecnologias de inteligência artificial pelo setor industrial paranaense e brasileiro.
Para demonstrar a importância das tecnologias emergentes, durante o Connect Week, o Governo do Paraná lançou as Diretrizes para Adoção da Inteligência Artificial (AI) na Administração Pública Estadual. Um documento que prevê a utilização de IA na melhoria dos serviços públicos, na eficiência da gestão e no desenvolvimento socioeconômico do Paraná. A expectativa é integrar o setor privado, universidades e a disseminação da cultura de inovação em todo o governo.
Também nesse campo apostamos na importância da formação e retenção de quadros qualificados. Por isso temos estruturado um conjunto de cursos de formação, como o Bacharelado em Ciência de Dados e Inteligência Artificial e o Tecnólogo em Big Data no Agro.
Qual é o futuro do ecossistema de inovação que a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná almeja alcançar em nível internacional.
Queremos que a ciência e inovação produzidas no Paraná sejam referência internacional. Também buscamos parcerias com outros países para promover o intercâmbio de cientistas e para somar esforços no desenvolvimento científico.
Neste ano, estivemos em uma missão técnica em Portugal para conhecer os ambientes promotores de inovação do país europeu. A nossa percepção foi de que estamos desenvolvendo boas estratégias, muito similares ao caminho trilhado por Portugal, e que trouxeram bons resultados ao país.
A Fundação Araucária lançou o programa Ganhando o Mundo Ciência, que possibilita o intercâmbio para estudantes de graduação e de pós-doutorado que terão acesso ao ensino e tecnologia oferecidos por universidades estrangeiras de países como o Japão, Canadá, Estados Unidos e países da Europa.
Almejamos que com esse esforço, o Paraná se torne o melhor estado da Nação para o desenvolvimento de ecossistemas de inovação e para novos negócios disruptivos.
Quais são os principais destaques e atrações do Connect Week deste ano que vocês acreditam que irão impactar mais os participantes e promover a inovação?
A diversidade de temas abordados nas palestras promovidas durante o evento foi um dos pontos fortes que proporcionou uma atualização sobre temáticas importantes. Áreas como economia, finanças, inteligência artificial, ciência de dados e marketing foram tratados em diversos segmentos que contemplam as áreas prioritárias do Paraná, como agricultura, biotecnologia & saúde e cidades inteligentes. Foram apresentadas várias estratégias que podem contribuir com os nossos programas e projetos, tendo como princípio a inovação.
Os convidados abordaram temas como a atração de empresas de tecnologia; o incentivo para tecnologias avançadas para aumentar a produtividade empresarial; o desenvolvimento de produtos, serviços e processos mais eficientes e sustentáveis. Certamente isso tudo impactou os participantes e está inspirando novas atitudes que impulsionarão ainda mais o movimento da inovação no Paraná.
Como a SETI avalia a evolução do Connect Week ao longo dos anos, especialmente após a transição do Viasoft Connect para o Connect Week Summit? Quais novas iniciativas ou formatos foram introduzidos nesta edição para melhor atender as necessidades do ecossistema de inovação e startups, considerando a fusão entre o Viasoft e o movimento Connect Week?
Avaliamos como bastante positiva essa evolução e sentimos que caminhamos para ter um grande evento no estado que se transforme na vitrine do Paraná para o mundo sobre o movimento dos ecossistemas de inovação.
Destacamos, sobretudo, o espaço aberto para que as instituições de ensino superior apresentassem seus principais projetos e resultados na produção de produtos, a partir do conhecimento produzido nos laboratórios, entre eles a Arena Separtec+, local onde diversos ambientes promotores de inovação puderam apresentar suas boas práticas.